Há dor que ensina
A dor é algo
indesejado em qualquer âmbito que possa existir. Há dores físicas que são
provenientes de enfermidades, das quais recorremos aos remédios e aos médicos.
Há dores emocionais, presentes na alma, que não podem ser aliviadas com
medicamentos. Há dores relacionais, ocasionadas por pessoas que nos geram
feridas em nosso íntimo. E também há dores espirituais, que decorrem da nossa
falha na conformidade com a vontade de Deus.
Todas passaremos por algum tipo de dor em dado momento de nossa vida. Porque
ela é uma das consequências da Queda, e visto que todos somos descendentes de
Adão, não estamos isentas de nenhuma de suas consequências. Se a nossa vida
fosse apenas de felicidade e de momentos bons, seria duvidoso o fato de
estarmos em um mundo caído.
O ser humano, em
sua busca assídua pela felicidade, tenta fugir de tudo que lhe faz sofrer.
Todavia, alguns sofrimentos nos vem de forma imprevisível, interrompendo os
nossos planos, nos comprovando que as coisas nunca estiveram sob o nosso
controle.
"Não importam nossas precauções, quanto nos esforçamos para ter uma vida boa nem quanto nos empenhamos para ser saudáveis, para ficar ricos, para viver bem com familiares e amigos, para ser bem-sucedidos na profissão - inevitavelmente, algo arruinará isso. Não há dinheiro, poder nem planejamento capazes de impedir que o luto, uma doença terrível, uma traição, um desastre financeiro ou uma infinidade de outros problemas entrem em sua vida. A vida humana é inevitavelmente frágil e sujeita a forças que estão além do nosso poder de controlá-las.”¹
Todos nós passamos
por sofrimentos. A diferença está em como reagimos a isso.
A Palavra de Deus
retrata a história de Noemi e Rute. Ambas foram acometidas pela dor, porém
apresentaram reações diferentes a ela. Noemi, diante da morte de seu marido e
filhos, disse que Deus havia descarregado contra ela a Sua mão (Rt 1:13).
Passou a andar amargurada, descontente com Deus, consigo mesma, com os homens e
com a vida. Rute, que também perdera o seu marido, se dispôs a deixar toda a
sua família, terra e amigos, para seguir a uma terra desconhecida com Noemi.
Ela não a desamparou em nenhum momento, e ao invés de se concentrar na aflição
em que estavam vivendo, saiu a trabalhar e a buscar mantimento para a sua casa.
Sobre Rute, é dito que ela viera buscar refúgio nas asas do Deus de Israel (Rt
2:12), ainda que sendo uma estrangeira. Então, enquanto uma se sentou a
lamentar, a outra buscou ânimo para se levantar e continuar na luta. Enquanto
uma se virou contra a providência de Deus, a outra procurou refúgio nas asas
Dele.
A boa mão de Deus
estava, porém, atuando o tempo todo na vida delas, fazendo com que tudo
caminhasse de acordo com os Seus propósitos. (Te convido a estudar o livro de
Rute e a se maravilhar com essa linda história!). Noemi, à medida que observava
a providência de Deus, afirmou que Ele “não tem deixado a sua beneficência nem
para com os vivos nem para com os mortos.” (Rt 2:20). E as mulheres que moravam
ali, engrandeceram o Senhor ao contemplar os Seus feitos entre Noemi e Rute.
Concluímos com isso que existe dor que nos ensina. Deus em sua multiforme
sabedoria se revelou de uma maneira mais grandiosa aos olhos dessas duas
mulheres, mostrando que Ele nunca perdeu o controle, nem deixou de agir com
bondade entre elas, ainda que nos piores tempos.
“Deus continua operando mesmo nos piores tempos. Ele opera fazendo mil coisas que ninguém enxerga, senão Ele mesmo.”²
Por semelhante
modo, Jó, após passar por uma série de sofrimentos sequentes em sua vida, pôde
afirmar que antes conhecia o Senhor apenas de ouvir falar, mas agora os seus
olhos O viam (Jó 42:5). O salmista disse que foi bom ter sido afligido, porque
através da sua aflição aprendeu os decretos do Senhor (Sl 119:71). Agostinho,
nas Confissões, escreve que em sua mais profunda ferida viu a glória do Senhor,
e isso o deslumbrou.
Nada acontece sem
propósitos! Ao contrário do mundo ocidental, que tende a encarar o sofrimento
como um mero acidente, acaso ou falta de sorte, cremos piamente na Palavra de
Deus. Ela revela um Deus soberano, que rege todo o mundo e as particularidades
da nossa vida, fazendo com que tudo se encaminhe de acordo com os Seus
propósitos e coopere para o nosso bem.
Logo, podemos
aprender muito com o sofrimento, se o encararmos com fé. Podemos extrair da dor
lições preciosíssimas que não aprenderíamos de nenhuma outra maneira. E a chave
para lidarmos sabiamente com isso é confiar em quem Deus é e no que Ele
significa para nós. Se não confiarmos, tenderemos a ver a dor como algo
insuportável, e a nós, como vítimas de um acaso sombrio. Passaremos a achar que
determinadas coisas só acontecem conosco, nos individualizando em uma masmorra
e nos sentindo os piores seres humanos da face da Terra. Enquanto que o Senhor
sussurra aos nossos ouvidos: “Confia em mim! Encontre em mim o descanso que
você precisa, pois eu sou o teu refúgio e fortaleza, e jamais te desampararei.
Talvez agora não compreendas nada, mas um dia verás que tudo o que fiz foi
fruto do meu amor.”
Charles Spurgeon
disse que “muitas pessoas devem a grandeza de suas
vidas aos problemas que tiveram de vencer”. A dor é um instrumento grandioso
para sermos moldadas e aperfeiçoadas. Podemos nos tornar pessoas melhores
através do sofrimento, adquirindo maturidade, experiência, confiança e
aprendizado.
“Essa é uma perspectiva notável do sofrimento: se for encarado e suportado com fé, acabará nos transformando em pessoas melhores, mais fortes e mais repletas de bondade e alegria. Na verdade, então, o sofrimento pode jogar o mal contra o mal. Pode frustrar os propósitos destruidores do mal e fazer surgir, da escuridão e da morte, luz e vida.”¹
Precisamos confiar
mais e nos preocupar menos. Precisamos aprender a ver as coisas como Deus vê.
Ao invés de lamentarmos da vida, que louvemos a Ele, cantando:
“Que meus suspiros deem lugar a canções
que cantem a Tua fidelidade
Que minha dor revele Tua glória
como meu único e verdadeiro descanso
Que minhas perdas me mostrem que
tudo o que eu realmente tenho é a Ti
Porque tudo o que eu realmente tenho é
a Ti.
Então, quando eu estiver me afogando no
mar
E todas as Tuas rebentações e ondas
quebrarem sobre mim
Eu hei de lembrar de Teu plano de
segurança
Tu és Aquele que fez as ondas
e Teu filho saiu para sofrer em meu
lugar
para me mostrar que estou seguro
Porque estou abatido?
Porque me perturbo tanto?
Estou satisfeito em Ti.”³
Thayse Fernandes
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¹ Timothy Keller.
Livro: Caminhando com Deus em meio à dor e ao sofrimento
²John Piper. Livro:
Doce e amarga providência.
³ Satisfied in You - Brian Eichelberger.
Uau!!!! Que Toda Glória seja dada somente a Ele por toda eternidade. Amém!❤❤❤
ResponderExcluirSomente a Ele!
ExcluirAgradecemos as palavras, Aline
Deus te abençoe!