Série: Encorajamento para mulheres solteiras - Contra a inveja


A palavra inveja provém do latim (invidia) e significa olhar com maus olhos. Ela está muito associada com a cobiça, mas com uma saliente diferença: enquanto a cobiça se concentra em desejar o que o outro tem, a inveja se entristece pelo fato de esse outro ter, porque não consegue ser como ele ou ter o que ele tem, sendo assim, a felicidade alheia a sua grande rival.

Apesar da inveja ser algo comum, ninguém gosta de ser chamada de invejosa, e isso nos mostra o quanto ela é repugnante. Por isso, costumamos esconder a nossa inveja no mais íntimo dos nossos corações, sem dar nenhum indicio de que a sentimos a ninguém, não percebendo que ela é detentora de algemas invisíveis que nos aprisionam, nos deixando infelizes e amarguradas com a nossa vida, com a nossa família, e com tantas outras coisas. “É o corpo que ela tem que é tão bonito, enquanto que o meu está tão longe disso”, “A família dela é tão feliz, enquanto que na minha só tem desavença”, “Ela tem saúde, e eu sofro tanto com enfermidades”, “Todos a admiram, e eu nunca conseguirei ser como ela”; enfim, esses são só alguns pensamentos que uma vez ou outra podem perambular em nossas mentes limitadas, que não conseguem encontrar uma resposta do porque não pode ser conosco, do porque de não sermos nós, mas sempre o outro. Achamos a toda hora que a grama do vizinho é mais verde, e isso nos deixa profundamente infelizes.

No que concerne a relacionamentos amorosos não é diferente, é apenas mais um dos campos da manifestação da inveja. De antemão, o nosso desejo é de sermos felizes, e construímos toda uma idealização de termos a nossa família, o nosso marido e filhos. E sonhamos com isso. Criamos uma série de expectativas, e alimentamos a esperança de que um dia chegará a nossa vez, de que iremos namorar e casar, e pedimos a Deus para que Ele nos ajude, nos mandando a pessoa certa, no tempo certo. Mas o que acontece nesse intervalo entre espera e concretização é o que muitas vezes nos intriga. A espera é árdua, Deus parece não nos ouvir, a nossa vida permanece num marasmo, e o nosso amor parece que nunca vai chegar. Olhamos para o lado e vemos aquela amiga que ao contrário de nós está muito feliz com o seu relacionamento, pois tem um ótimo namorado, e ambos formam um lindo casal. Como de esperado, a invejamos, e acabamos nutrindo esse mal que há em nosso coração, que nunca vem sozinho, por ser especialista em gerar vários pecados.

Essa é uma forma em que a inveja brota em nosso coração, a partir da contemplação de um idealismo nosso em outras pessoas, que nos deixa ressentidos. Olhamos para o objeto da nossa inveja, aquela pessoa que está tão feliz, e pensamos que deveria ser nós. Pensamos em como a vida é injusta e o no quanto precisávamos daquele relacionamento. Será que Deus não nos entende? Ele não contempla a nossa solteirice? Porque Ele só abençoa o outro?

Todavia, não são os relacionamentos que nos definem, mas a graça de Deus. Ao invés de indagarmos o fato de não termos o que queríamos, como um relacionamento, precisamos agradecer ao Senhor pelo o que já temos, pelo o que Ele já nos concedeu em Cristo Jesus. Tudo o que temos e somos vem Dele, mas a inveja nos faz estar de olhos vendados para isso e fitos no que está nos outros. Certamente, a gratidão é um bom antídoto para ela. Guerreemos contra o mal da inveja com a arma da gratidão, aprendendo a ver tudo com as lentes da graça.

Cessemos de murmurar da nossa vida por nunca estar do jeito que queremos, e por sinal, ela nunca vai estar, porque quem a rege é Deus. Somente a sua vontade é boa, agradável e perfeita (Rm 12:2), e desse modo podemos descansar inteiramente nEle, sabendo que uma mente infinitamente mais sábia que a nossa cuida de cada detalhe dela. O fato de não entendermos certas coisas não altera em nada a soberania e sabedoria de nosso Deus, somente desintegra a nossa confiança Nele. Se ainda estamos solteiras, guerreemos contra o mal da murmuração com a arma da confiança, para que vençamos a inveja, entendendo que as nossas vidas estão continuamente sob o controle do Senhor.

A inveja nos faz estar descontentes e nos priva de saborearmos a vida, nos tornando amargas. A vida é curta demais para não a aproveitarmos, perdendo tempo com invejas que não podem nos tornar iguais aos outros. O contentamento é uma arma poderosíssima contra a inveja, e também é a vontade de Deus para as suas filhas, que estejam contentes em toda e qualquer situação ou privação que enfrentarem, inclusive, em meio a privação de relacionamentos amorosos, porque o contentamento delas está em Deus.

O fato de vivermos nos comparando com os outros é uma consequência do orgulho humano. Se não houvesse pessoas com alguns aspectos melhores que os nossos, não iríamos nos comparar com elas e não teríamos motivos para invejá-las. Infelizmente, o orgulho e a inveja não se contentam em apenas ter o que o outro tem, mas em ter mais do que ele, e em ser melhor do que ele.

“Temos orgulho apenas de ser mais bem-sucedidos, mais inteligentes ou mais bonitos que os outros e, quando encontramos alguém mais bem-sucedido, mais inteligente e mais bonito do que nós, o que tínhamos perde a graça.”¹

Combatemos o orgulho e a inveja com a arma de um relacionamento vívido com o nosso Deus. Ele nos dará meios de vencermos, se reconhecermos que somos fracas o suficiente para dependermos inteiramente Dele, recorrendo sempre em oração e à busca contínua da Sua Palavra.

O Senhor também deseja que amemos o nosso próximo, e a inveja nos leva a centrarmos em nossos próprios desejos e necessidades, sendo egoístas ao invés de benignos. Ela nos leva a nos ressentirmos contra o nosso próximo, nutrindo sentimentos pecaminosos contra ele, que não glorificam ao nosso Pai. Se estás nessa situação, querida irmã, se arrependa e peça ao Senhor que Ele gere amor em seu coração, para que possas amar a outra pessoa com o mesmo amor com que foste amada por Ele. A Palavra do Senhor nos orienta a nos alegrarmos com os que se alegram e chorarmos com os que choram (Rm 12:15). Ao contrário disso, a inveja nos faz nos entristecer com a alegria dos outros, e a se alegrar com a tristeza deles. Porque, mais uma vez, estamos centrando as nossas vidas em torno de nós mesmas, dos nossos sentimentos, dificuldades e desejos, ocupando o centro das atenções, e não focando no próximo, nem muito menos na glória de Deus.

A Bíblia fala asseveradamente sobre a inveja. Ela “apodrece os ossos.” (Pv 14:30), é uma obra da carne (Gl 5:19-21), e uma característica de quem não anda no Espírito (Gl 5:25-26). Logo, a ela é pecado. Portando, precisamos excluir esse mal das nossas vidas, com armas que sejam fortes o suficiente para a vencermos. Gratidão, confiança em Deus, contentamento nEle,  relacionamento contínuo com o Senhor, e amor ao próximo são algumas dessas armas. Nos revistamos e vamos ao combate, Deus irá nos auxiliar com a Sua graça, e Nele venceremos qualquer pecado decorrente da nossa natureza caída, e no final isso resultará em nossa própria felicidade, no bem dos outros e na Sua glória.


Thayse Fernandes
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¹ KELLER, Timothy. Ego transformado: a humildade que brota do Evangelho e traz a verdadeira alegria. São Paulo: Vida Nova, 2014.

4 comentários:

  1. Glórias a Deus!!
    A série foi muito edificante!
    Benditas sejam todas as obras deste blog.
    Senhor nos ajude. Amém.

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    1. Amém, Beatriz!

      Que a Sua graça continue a se manifestar em nossas vidas, e também sobre ti.

      Abraço!

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